Você sabia que algumas árvores são hotéis naturais?

Se o título do texto levou você a imaginar que pode passar as próximas férias hospedado em uma casa na árvore, trate de descer do galho! As árvores são hotéis naturais, isto é, o abrigo ideal para diversas espécies de animais. Ocos, copas e caules são propícios para a bicharada se proteger de tempestades, descansar, se alimentar e até ter seus filhotes.

Alguns animais utilizam as árvores apenas de passagem, mas outros fazem desses lugares suas moradas por bastante tempo. O manduvi, por exemplo, serve de hotel para várias espécies. Essa árvore, nativa do Pantanal, é de grande porte quando madura. Há mais de dez anos, sua importância ecológica é reconhecida internacionalmente por conta do trabalho desenvolvido pelo Projeto Arara Azul, que protege e conserva a arara-azul-grande. Esta ave de rara beleza utiliza quase todas as cavidades do manduvi para abrigar seus ninhos.

Além da arara-azul-grande, mais de 35 espécies – entre aves e mamíferos – realizam algum tipo de interação com o manduvi. É bem verdade que as aves são as que mais aproveitam! Algumas ficam lá durante toda a estação reprodutiva e constroem seus ninhos sobre a copa. As que estão só de passagem, apenas consomem suas flores e sementes, como a arara-canindé e o periquito-rico. Há os hóspedes que preferem escavar seus próprios ninhos no tronco, como o pica-pau-do-campo. Já o papagaio-verdadeiro, o gavião-relógio, o murucututu, o tucano-açu e o pato-do-mato costumam aproveitar a obra do pica-pau-do-campo para reprodução.

Entre os mamíferos que, digamos, tiram uma casquinha do manduvi está o macaco bugio, que consome um grande número de flores e sementes, e o tamanduá-mirim, que nos dias frios se abriga nas cavidades existentes no tronco dessa árvore.

Sabia que receber hóspedes é importante para as próprias árvores? Pois registre! Como os vegetais não se movem, dependem dos animais (e do vento) para dispersar suas sementes e promover a sua existência. As cores e os aromas da planta são um convite para que os animais venham saboreá-la.

Quando conservamos uma árvore, estamos, também, protegendo muitas espécies de animais.

Antônio dos Santos Júnior
e Andrelisse Arruda
Departamento de Ciências Biológicas
Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná/ULBRA.